Aracruz cambaleia enquanto a mídia corporativa do RS oculta informações

Por Araújo Nascimento Matarazzo

Depois de perder 1,95 bilhão no mercado acionário da BOVESPA a papeleira Aracruz produtora de celulose, invasora de territórios de populações indígenas e quilombolas no sudeste, e causadora de grandes danos ambientais foi obrigada a publicar nos jornais paulistanos, suas grandes perdas acionárias.

A empresa se recusa a receber a imprensa para ampliar as informações
sobre as suas reais dificuldades. A divulgação de fato
relevante visa evitar futuras punições pela Comissão de Valores que
defende os interesses dos investidores em bolsa no Brasil.

Segundo o Jornal Folha de São Paulo, a papeleira Aracruz informou ontem que suas operações
cambiais significavam perdas de R$ 1,95 bilhão, considerando o câmbio e
as condições de instabilidade de 30 de setembro.

O fato relevante causou confusão no mercado,
segundo jornais paulistanos. Enquanto alguns analistas previam perdas
gigantescas para a empresa, outros diziam que era impossível avaliar os
impactos por falta de informações. A maior parte deles, no entanto, tem
perspectivas negativas para a Aracruz.

À Folha, Luiz Otávio Broad,
analista da corretora Ágora, disse que as operações cambiais farão com
que a companhia tenha prejuízo de R$ 730 milhões em 2008. Até então, a
expectativa era de lucro de R$ 830 milhões neste ano.

Na
esteira desses maus resultados, as ações da papeleira Votorantim
Celulose, que semanas antes assinara acordo de fusão com a Aracruz,
tiveram igualmente baixa de 10,71%.

"O anúncio [da Aracruz]
surpreendeu pelo montante porque, no primeiro comunicado [divulgado na
sexta, 26], a empresa informou que as perdas não afetariam seu caixa",
diz Broad. "Pelo novo fato relevante, se houver a mesma volatilidade e
taxa de câmbio, os contratos irão comer todo o caixa."

 

RBS e Governo do RS se recusam divulgar informações sobre perdas da Aracruz

 
 
fábrica da Aracruz no Espirito SantoDurante toda a semana o grupo RBS se recusou a divulgar quaisquer informações sobre as perdas da Aracruz. Enquanto os meios de comunicação do sudeste informavam seus leitores e telespectadores das enormes perdas da empresa, a RBS não divulgou sequer uma nota nos jornais, rádios e televisões sob seu controle.
 
 Segundo analistas a não divulgação destas informações pode comprometer os investimentos dos acionistas gaúchos da empresa que tiveram suas ações desvalorizadas. O assunto também é de interesse da metade Sul do Estado, onde plantadores de eucalipto correm o risco de não poderem vender sua produção para a Aracruz que estaria num momento de retenção de divisas.
 
O governo não se pronunciu sobre o assunto, ou sobre as perdas conseqüentes das parcerias estabelecidas entre o setor estatal e a iniciativa privada. Também infraestruturas como portos secos e estradas de escuamento da produção podem cair em desuso caso a empresa resolva estancar suas atividades de produção na região

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